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A LEGO anda com falta de ideias?

por baixinho, em 16.08.19

O anúncio do lançamento do set 71044 Disney Train and Station fez-me pensar em algo que me anda a incomodar há já algum tempo. É que o set é bonito e interessante mas pergunto-me se necessitava ter a chancela da Disney. Sim, eu sei que é baseado numa estação e num comboio que existem num dos parques Disney, no entanto essa mesma estação e esse mesmo comboio são genericamente baseados em estilos já existentes e que já foram retratados em imensos filmes, séries de TV, bandas desenhadas, etc o que os torna algo próximo da apropriação comum. Vou mais longe, se a LEGO lançasse este conjunto sem referências à Disney e o incluísse num tema, por exemplo, de Western ou algo genericamente algo ligado à América no Século XIX, será que alguém se lembraria que um parque Disney tinha algo do género? A LEGO estaria basicamente a inspirar-se no original, algo como a Disney fez.

A partir desta pergunta e pensando nos últimos grandes sets da LEGO, reparei que não me lembrava de nenhum que fosse não licenciado ou baseado em algo real. Lá fui dar uma vista de olhos ao Brickset (esta consulta ordenada descendentemente por número de peças) e nos dez maiores conjuntos* (ignorei o lindíssimo set lançado pelo Bricklink), apenas dois são ideias originais da LEGO. O 70840 Welcome to Apocalypseburg! e o 70839 The Rexcelsior são do filme The LEGO Movie 2 em que o IP é propriedade da Warner (e não da LEGO como muita gente pode pensar). O 42100 Liebherr R 9800 e o 42110 Land Rover Defender são representações de veículos reais. O 75936 Jurassic Park: T. rex Rampage e o 75810 The Upside Down são baseados num filme e numa série. O 71044 Disney Train and Station também está lá em conjunto com o 21318 Treehouse que é baseado numa ideia de um AFOL. Restando apenas o 10264 Corner Garage e o 42098 Car Transporter.

Todos estes conjuntos são bons. Uns excelentes, mas todos claramente acima da média. Mas uma percentagem de 80% de sets com IP mostra claramente uma tendência onde a LEGO opta (pressionada ou não pelo mercado) em ocupar uma boa parte das estantes com produtos com um desenho não oriundo do seu quartel general.

Como referi acima, isto pode ser mesmo consequência da procura. Reafirmo também que também não vejo mal em a LEGO ter algumas linhas ou produtos licenciados. Algumas.

No entanto esta proliferação de sets e temas licenciados ou baseados em algo que já exista faz com que a oferta da LEGO seja cada vez mais variada e desconexa provocando um ir e vir de temas que dificultam a consolidação da imagem da própria marca. Parece que temos sempre a LEGO associada a qualquer coisa e que não se consegue suportar sozinha criando, assim, a impressão de algo disperso entre várias pequenas marcas.

Acho muito mais útil para os AFOLs (sejam construtores ou coleccionadores) os temas in-house com uma presença forte ao longo do tempo como os modulares, a feira popular e o Winter Village do que sets ou temas soltos que rapidamente ficam esquecidos tantos da memória como das prateleiras lá de casa.

Claro que a LEGO responde às pressões do mercado.. mas será esse o caminho correcto a longo prazo?

Algo para ir apreciando ao longos dos próximos anos.

 

 

* Tinha que limitar a pesquisa/análise de alguma forma e optei por considerar que os 10 maiores conjuntos deste ano eram uma boa amostra do que a LEGO fazia actualmente a pensar nos clientes mais adultos.

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publicado às 13:45



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