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Oficina dos Baixinhos* - Blog sobre o hobbie LEGO® de um AFOL (Adult Fan Of LEGO) português. Relatos das construções, técnicas, críticas, pensamentos e afins sobre LEGO em Portugal e no mundo. *Antiga LegOficina
Tema: Boost
Ano de Edição: 2017
Número de Peças/Minifigs: 843/-
Preço LEGO®: 169.99€ (159.99€ na Alemanha)
Link Brickset: https://brickset.com/sets/17101-1/Boost-Creative-Toolbox
Apesar do Boost andar por cá há quase dois anos, foi com alguma antecipação que abri esta unidade do Boost. Estive de alguma forma ligado profissionalmente e academicamente à inteligência artificial e robótica e após um período de afastamento estava curioso com este novo sistema da LEGO. Algo que podia ser visto como um meio caminho entre o sistema mais evoluído (EV3 da MindStorms) e os simples motores que acompanham alguns conjuntos Technic.
No início a minha curiosidade tinha sido refreada porque as especificações do Boost (ou da app que o acompanha) requeriam tablets ou smartphones que eu não possuía. Mas em Fevereiro passado o Carlos Barros, colega na Comunidade 0937, alertou-me que já não era bem assim e que a app já funcionava na maior parte dos telemóveis. Mesmo tendo um smartphone com alguns anos, tentei instalar a app e verifiquei que funcionava. Já podia ter um Boost!
A abertura da caixa presenteou-me com várias saquetas numeradas, algo que não estava à espera num set deste género onde pretende-se que se construam os vários modelos propostos bem como ir um pouco mais além. A numeração é referente ao primeiro modelo e depois de tê-lo construído apercebi-me que essa escolha (a de haver saquetas numeradas) não era inocente. É que o raio da construção era massuda e prolongada. Neste momento já construí quatro dos cinco modelos propostos na app e achei sempre o mesmo. As construções roçam o limite da paciência já que se perde imensas energias em vários pontos para a estrutura ser sólida e em intermináveis detalhes cosméticos. Há uma engrenagem ou outra, mas nada que se pareça com a construção de modelos do EV3 onde vá-mo-nos apercebendo, pouco a pouco, do funcionamento dos vários mecanismos. Não é que não haja soluções brilhantes porque há, mas são poucos os momentos de gratificação numa construção que se alonga no tempo.
Mas se a construção não é propriamente uma experiência a recordar, os resultados já são outra coisa. Gostei dos quatro modelos que montei (Vernie the Robot, Multi-Tooled Rover 4, Guitar4000 e AutoBuilder, faltando o Frankie the Cat) tanto nas formas como no esquema de cores. Aliás, devo salientar que o esquema de cores pode causar alguma estranheza ao pessoal mais velho. Os laranjas e o azuis criam um efeito algo berrante e moderno que foge das cores clássicas da LEGO. Cores que de qualquer forma nos andamos a desabituar. As formas são reconhecíveis e até certo ponto exageradas nos detalhes. Não sei porquê mas faz-me de alguma forma lembrar a estética muito vista em alguns animes.
Mas se a construção não é compensadora, ao contrário no EV3, a jogabilidade já consegue ter outro registo. Todos os modelos que experimentei são engraçados e conseguiram captar a atenção do Artur. Apesar da limitação do número de motores, três sendo que dois estão no mesmo eixo, todos os modelos conseguem ter várias funcionalidades. Funcionalidades estas que somente mostram todo o seu potencial quando são exploradas através de programação na app.
É exactamente na app que as minhas maiores dúvidas na avaliação recaem. Se por um lado até se pode ver como uma boa gestão de recursos o processamento dos programas no telemóvel e não no brick (para quê gastar num processador melhor se temos sempre um smartphone à mão?), causa-me alguma espécie estar tão dependente de um aparelho que é tão contestado quanto à sua utilização pelos mais novos. Mas se deixarmos essa dúvida de lado, a app revela-se algo pesada e, no caso do meu telemóvel, basta uns 15 minutos de utilização para o por a ferver. No entanto é bastante intuitiva e a forma de programar é simples, rápida e eficaz. O Artur aqui revela-se demasiado novo para me ajudar a perceber se é amigável para as crianças, mas a minha experiência diz-me que os miúdos do 3º e 4º serão capazes de a utilizar sem grandes problemas.
É sem dúvida alguma um conjunto que não se limita aos modelos propostos tendo muito a oferecer tanto na programação como na construção de soluções originais.
Por fim falta falar das peças. Peças que não são propriamente o mais importante neste tipo de conjuntos, no entanto há que referir algumas peças exclusivas nomeadamente em dark azur. Ahh, sem esquecer as mui úteis borrachinhas para as lagartas em laranja! Mas o conjunto não vive só de peças exclusivas. Temos uma variedade de peças que engloba tanto system como technic tudo com uma distribuição relativamente simpática o que quer dizer que no fim não são muitas as peças que poderíamos considerar inúteis para outras construções.
As Peças 8/10 (distribuição simpática)
A Construção 5/10 (massuda e por vezes parece interminável)
O Desenho 9/10 (modelos reconhecíveis e até atraentes)
Jogabilidade 9/10 (dúvidas na utilização do smartphone mas imenso potencial a explorar)
Apesar de construções algo pesadas, vejo este conjunto como uma excelente ferramenta para os alunos da segunda metade do primeiro ciclo de escolaridade. Os modelos podem proporcionar horas de exploração o que fazem com que este conjunto valha bem o dinheiro investido. Não aconselhável a crianças (e adultos) que não conseguem ter a paciência para explorar os limites de um brinquedo.
Conclusão 8/10
(Este conjunto foi fornecido para análise pela The LEGO Group, mas a review é da minha inteira responsabilidade)