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Oficina dos Baixinhos* - Blog sobre o hobbie LEGO® de um AFOL (Adult Fan Of LEGO) português. Relatos das construções, técnicas, críticas, pensamentos e afins sobre LEGO em Portugal e no mundo. *Antiga LegOficina
Para este post final, da série que comemora os 50 anos do DUPLO, tenho um pequeno resumo do meu contacto com estas peças gigantes bem como algumas pequenas ilações pessoais.
Tive acesso a peças DUPLO na minha infância, memórias demasiado enevoadas para me lembrar de sets em particular. No entanto tenho quase a certeza que este habitou na minha casa. O que quer dizer que na altura a que tive acesso (digo tive acesso porque quase de certeza que eram da minha irmã, mais nova do que eu 18 meses), já praticamente estava a sair fora da faixa etária do público alvo. Portanto não fiquei com grandes impressões sobre a DUPLO.
Durante as minhas dark-ages, apesar de me lembrar vagamente da secção DUPLO nos catálogos da LEGO, por norma era uma parte que folheava mais rápido ou saltava por completo.
Só comecei a ter em atenção quando abri uma loja de brinquedos no final de 2003 e ainda mais com o nascimento da minha filha em 2004. Apesar dos tropeções em que a LEGO estava metida na altura, a DUPLO tinha vários conjuntos interessantes e, penso eu, alguns bem inovadores. Se calhar, até demasiado avançados para a época.
Quando a Leila começou a brincar com a DUPLO, como bons pais AFOLs, ela foi inundada com muitos sets do Bob the Builder e do Thomas and Friends.. e claro, muitas peças básicas (que também davam com as peças Quatro, mas isso é outra história). Ainda cheguei a fazer animais com peças básicas DUPLO (alguns aqui) e outras construções simples. Mas personagens dos conjuntos é que a cativavam e acompanharam-na até bem dentro do 1º ciclo, já que para ela serviam para mil e uma aventuras. Sim, aqueles comboios e veículos eram personagens e não meras máquinas. Claro que depois a Leila evoluiu e a maior parte das peças básicas foram dadas e apenas ficamos com uma boa parte dos personagens.. máquinas.
Com o nascimento do Artur, lá fui recuperando o que a Leila ainda tinha. Tinha a esperança que os gostos fossem os mesmos.. mas saíram um pouco ao lado. Ele queria era as máquinas e não ligava muito às personagens. Desta vez também não teve acesso a tantos conjuntos como a irmã, já que apenas um dos pais é que é AFOL. De qualquer forma isso foi compensado quando tive acesso a esta série de reviews, já que alguns dos conjuntos ficaram com ele.
Mas isso foi por pouco tempo, já que rapidamente ele se interessou pelas peças system e o interesse no DUPLO continuou (e continua) apenas nos veículos e máquinas. Aí decidimos doar as peças mais básicas a uma IPSS conhecida. Agora brinca ocasionalmente com as máquinas, mas cada vez mais prefere os veículos construídos com peças system.. principalmente porque pode desmontar e alterar.
Por isso a forma de encarar as peças DUPLO foi algo diferente na Leila e no Artur. A Leila centrava a sua atenção nas personagens e no role play. O Artur não esquece o role play mas centra a sua brincadeira no jogo de construção.
De notar que o que tenho observado na playzone DUPLO na Caixa de Brinquedos (Paredes de Coura) é que de facto há miúdos que gostam mais do play role e outros que centram-se mais nas construções. Não, não tem nada que ver com o género. Por outro lado tenho observado que há crianças já fora da faixa etária alvo (seis, sete e até oito anos) que continuam a gostar de brincar com as peças DUPLO, muito provavelmente porque facilmente conseguem construções de alguma dimensão.
O DUPLO fez 50 anos e penso que terá espaço para continuar a ser uma referência no panorama dos brinquedos para crianças do pré-escolar. Tem um potencial único de agradar tanto os miúdos que gostam de inventar histórias e aventuras como os que gostam de construir, seja empilhar as peças mais básicas, seja construir alguns objectos mais complexos.
Claro que a LEGO deu vários tiros ao lado com o DUPLO, mas isso também aconteceu com o system e numa empresa inovadora muitas vezes tem que se dar vários passos falhados para avançar num.
Pelo que tenho visto, os sets DUPLO continuam, em média, muito interessantes e com uma boa selecção de peças. Sinto apenas falta dos (grandes) conjuntos apenas com peças básicas.
É um brinquedo que deveria ser obrigatório no pré-escolar já que proporciona experiências únicas e podemos ter a certeza que é um material de qualidade e seguro.
Para a comemoração do quinquagésimo aniversário da DUPLO, a LEGO disponibilizou algum material sobre a marca. Um desses materiais foi esta imagem com alguns dos passos mais importantes nestes 50 anos de existência.
Claro que a grande característica e novidade da DUPLO é o facto que de alguma forma "está no sistema"*, mas hoje vou concentrar a atenção nas várias minifigs que habitaram os conjuntos DUPLO.
Quando era miúdo cheguei a ter em casa algumas das primeiras (1977), muito provavelmente eram da minha irmã.. mas naquele tempo não havia quantidades para haver os "meus" brinquedos e os brinquedos "dela". O engraçado é que me lembro perfeitamente que o facto de não terem braços ou pernas não eram de alguma maneira problema para as aventuras em que se metiam :)
Já não passei pelas minifiguras seguintes (1983), que são uma boa adaptação das minifigs system à realidade DUPLO. Tinham como grande novidade a cor da pele, muito mais próxima à real. Não, as minifigs system são amarelas não por qualquer problema ético mas porque na altura em que foram desenvolvidas a palete de cores disponíveis na LEGO eram muito mais limitada. De qualquer forma o primeiro contacto que tive com estas minifigs DUPLO já foi perto do fim do período delas, já com a minha filha. Mas disso falarei mais à frente.
Mas voltando atrás a LEGO teve duas incursões que, felizmente, resultaram em fracassos. Primeiro foram aquelas coisas de 1991 que só posso afirmar que eram um passo atrás. Sim, foram desenvolvidas para uma faixa ainda mais nova que os habituais 2-5, mas não consigo gostar delas apesar de relativamente parecidas às de 1977. A seguir são as dolls de 2001. Lançadas num dos períodos mais negros da LEGO, são reflexo do desnorte criativo em que a empresa estava metida na altura. Apesar de terem um sistema vencedor, queria a todo custo aproximar-se de outros brinquedos esquecendo-se das suas próprias origens.
Em 2004** a LEGO fez um notório refit às suas minifigs DUPLO. Lembro-me perfeitamente disso já que a minha filha apanhou a mudança e, portanto, teve figuras dos dois tipos a conviverem alegremente nas mesmas brincadeiras. Sim, para ela eram minifigs iguais e não notava que tinham ligeiras diferenças. No entanto devo notar que as novas são bem mais giras que as antigas e a LEGO foi sublime em fazer com que as alterações não mexessem nos vários pontos de encaixe e mantivesse a proporção geral.
Claro que esta evolução da minifig DUPLO deverá ter feito com que alguns designers da LEGO pensassem se não valeria a pena fazerem algo semelhante com a minifig system. Yah, iria cair o Carmo e a Trindade no mundo AFOL (e não só) se a LEGO fizesse isso. Mas depois de tantas mudanças a que já assisti (inclusive a dos cinzentos e castanhos também em 2004 ou a introdução de cores de pele nas minifigs), pergunto-me se tivessem arredondado as formas da minifig nessa altura, exactamente como fizeram às DUPLO, se hoje não acharíamos que tinha sido uma evolução natural.
E hoje teriamos minifigs mais bonitas...
* uma expressão muito utilizada na LEGO.
** engraçado que na imagem não se vê em grande plano nenhuma minifig duplo adulta actual