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Oficina dos Baixinhos* - Blog sobre o hobbie LEGO® de um AFOL (Adult Fan Of LEGO) português. Relatos das construções, técnicas, críticas, pensamentos e afins sobre LEGO em Portugal e no mundo. *Antiga LegOficina
Apesar de andar a dedicar-me bastante às construções originais (MOCs), a verdade é que também ando a construir bastante conjuntos oficiais da LEGO. Vicissitudes do meu trabalho :)
Aqui vai algumas considerações em relação aos últimos conjuntos que construí. Sim, neste momento não tenho pachorra para escrever reviews.
31160: Race Plane
Pequeno conjunto com uma construção agradável e com um aspecto bestial. A LEGO até colocou um pedestal para ter uma melhor aparência para quando for colocado numa estante...
31162: Cute Bunny
Outro coelho? Mas a LEGO não tinha lançado um neste linha há apenas dois anos?
Pois, este corrige algumas coisas no anterior e, globalmente, até o acho melhor. No entanto.. podiam ter dado mais uns aninhos de intervalo. Parece que até nem há mais animaizinhos fofinhos.
60458: Pizza vs. Fire Truck Race Car Pack
60459: Airplane vs. Hospital Bed Race Car Pack
60460: No Limits: Race Car Ramp Track
Olha que ideia fixe que a LEGO teve. Um bom potencial de brincadeira sem recurso a pilhas eléctricas ou componentes com molas ou derivados. No entanto se fico contente com as novas rodas, não achei grande piada à peça que serve de chassis. Havia necessidade de uma peça assim?
Globalmente fiquei agradado com este sub-tema.
10359: Fountain Garden
Não estava à espera de um sub-tema Gardens of the World e se gostei do Tranquil Garden, este provocou-me o mesmo sentimento. A bandeira espanhola escondida por baixo da fonte revela perfeitamente o estilo que serviu de inspiração para este conjunto. Achei algumas fases de construção chatas, mas o resultado final é muito bom. Achei piada à possibilidade de algumas reconfigurações da distribuição do espaço além das que já tinham sido introduzidas no set anterior. Penso que também é simples de integrar num display maior.
Tema: Speed Champions
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 245/1
Preço LEGO®: 27€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/76919-1/2023-McLaren-Formula-1-Car
Olha, um Speed Champions diferente do habitual. Será que vale a pena?
Nesta segunda encarnação do tema onde os carros andam nos 8-wide, apenas temos um Fórmula 1 Mercedes em 2022 e outro Aston Martin de 2024, ambos em conjuntos acompanhados de outro veículo. Este último tem imensas parecenças com o set que estou a analisar hoje.
Já passaram décadas de quando acompanhava com muita atenção o ano do campeonato de F1, mas ainda consigo apreciar alguma da beleza destas máquinas. Depois de construído, a primeira coisa que me salta à vista é que o veículo está completamente fora de escala, sendo muito grande para o minifig que lá está dentro. Arrisco a dizer que a inclusão da minifigura destrói a percepção de escala do veículo.
Em termos de construção fiquei novamente com a sensação que existem peças fabricadas de propósito para conseguirem determinados efeitos especificamente para estes sets. Com isto que fique claro que não sou contra o aparecimento de novas peças, o problema para mim está na exagerada quantidade de peças novas por ano e a especificidade de muitas delas que as tornam inúteis para além daquilo para que foram desenhadas.
De alguma forma é refrescante construir este Formula 1 em relação aos demais Speed Champions. É quebrada o habitual padrão e até conseguimos ver algumas técnicas rebuscadas. Por isso considero a experiência bem interessante que é afectada a todos os níveis pela quantidade absurda de autocolantes. Para terem a noção do ridículo, há peças impressas que levam autocolantes!! Poderá haver uma justificação para este acontecimento, mas nenhum me ocorre, já que a marca em questão (Chrome) aparece impressa noutras peças.
O resultado final é impecável em termos de LEGO (mesmo descontando que há algumas peças que parece que foram feitas para estes modelos em particular). Como refiro acima, há o problema da escala, mas desaparecendo com o minifig (que vá lá se saber porquê, traz uma ferramenta), o caso fica resolvido.
Quanto às peças há algumas interessantes, outras inutilizáveis (por serem impressas ou por se colarem os autocolantes) mas no geral fica a sensação que 27 euros é demasiado para o com que se fica.
Concluindo, temos um belíssimo set que representa relativamente bem o original, mas que é desproporcionado se pensarmos na escala minifig. Algo caro para as peças que oferece.
Conclusão 7/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 99/2
Preço LEGO®: 10€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60400-1/Go-Karts-and-Race-Drivers
A LEGO não vive apenas de grandes sets e, por vezes, fico curioso com os sets mais pequenos. Imagino-me o que faria com eles se fosse criança. Estes conjuntos mais baratos são excelentes para iniciar uma colecção de LEGO ou mesmo para complementar ou potenciar outros sets que já tenhamos.
Este Go-Karts possui uma alta jogabilidade inerente ao próprio tema já que dois “carrinhos” é sinónimo de muitas corridas nas mãos dos mais pequenos. Sim, plural que o conjunto está mesmo feito para ser “brincado” e até construído por duas pessoas já que cada kart tem o seu próprio livro de instruções.
Um dos livros tem 32 páginas e o outro 36. A diferença está nas páginas dedicadas às peças e imagens de outros conjuntos City. Os livros seguem o formato muito semelhante já que a primeira parte da construção é basicamente igual, mudando apenas a cor das peças. Notei que, à semelhança dos infames sets 4+ (yeps, não gosto deles), no quadro com as peças necessárias de cada passo, quando é preciso duas peças iguais aparecem realmente as duas peças e não o tradicional “2x”. Se isto espalhar-se para conjuntos mais complexos, pergunto-me o que acontecerá quando forem necessárias dez ou mais peças iguais. Percebo que a LEGO possa ter chegado à conclusão que crianças do pré-escolar possam não saber o que é um “2” ou um “x”. Mas depois de tantos anos já devem ter percebido que isso nunca foi impedimento de nada. A construção é extremamente rápida e sem qualquer detalhe digno de nota.
O resultado são dois simpáticos “carrinhos”, já que tenho alguma dificuldade de chamá-los de karts já que são enormes em relação aos originais. Claro que compreendo a necessidade de os tornar um poucos grandes para a introdução de detalhes, mas da forma como ficaram é um exagero. Claro que nas mãos de crianças esse é um detalhe esquecido e, se calhar, com alguma razão. As cores, as variações de cor e forma e as minifiguras são mais que suficientes para tornar os karts diferentes mas mesmo assim aproximados.
Em termos de peças há que destacar que não existem autocolantes e às novas plates modificadas 2x4 com 4 studs num dos lados. Começa a ser difícil justificar estas peças novas quanto no mesmo set temos outras peças mais antigas que fazem o mesmo efeito.
O set cumpre o objetivo de ser um pequeno brinquedo com um preço baixo. Baixo como quem diz, já que na minha opinião 10 euros é um pouco puxado para a quantidade de peças e a dimensão dos próprios karts. Vale pela jogabilidade extrema que proporciona nas mãos certas.
Conclusão 7/10
Tema: Technic
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 435/-
Preço LEGO®: 35€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/42178-1/Surface-Space-Loader-LT78
Depois de ter ficado encantado com o 42179 Planet Earth and Moon in Orbit, a curiosidade com os restantes sets Technic Space adensou-se. Tive a oportunidade de construir este conjunto e aproveitei para fazer uma análise. Antes de mais devo lembrar que, por norma, não gosto de construir conjuntos Technic. Não tanto por construir de dentro para fora, mas talvez por muitas vezes não perceber o que está a acontecer ou a trabalheira que é corrigir eventuais enganos.
A construção deste conjunto, apesar de relativamente pequeno para o padrão de um set Technic, não me conseguiu cativar e, algumas vezes, dei por mim a desejar que fosse uma construção mais rápida. Como cereja no topo do bolo, há vários autocolantes para colocar, muitos deles em superfícies curvas. Bons tempos em que simplesmente os ignorava. As instruções estão espalhadas pelas 128 páginas do livro de instruções e foram divididas em 5 fases com 130 passos no total. São várias as chamadas de atenção para passos que, se não forem feitos como deve de ser, podem criar constrangimentos no final. Procedi à montagem durante vários momentos ao longo de três dias o que ajudou a aligeirar as reticências à forma de construção.
No fim temos um rover que, com alguma facilidade, podemos dizer que está à escala minifig. Tem um aspecto bastante espacial que é diminuído pela quantidade de buracos inerente ao tema. Ok, a LEGO cada vez tem mais painéis, mas mesmo assim não consegue disfarçar este aspecto que, a meu ver, não é nada bonito principalmente quando há contraste entre as peças e os eixos ou pins que estão no interior.
O Veículo possui três funcionalidades dignas de nota, a primeira é a direcção que, de forma algo surpreendentemente, está nas rodas traseiras. É um detalhe que ajuda a criar um sentido de modernidade mas, que a meu ver, não resulta muito bem. É que deste modo, as curvas conseguidas tem um raio demasiado largo. A segunda funcionalidade também não me agradou já que é uma espécie de guindaste accionado através de dois manípulos e que serve para levantar o módulo. O problema é que o módulo não fica nem bem seguro, nem tão elevado para ser transportado de forma eficiente. Por fim, a terceira funcionalidade é aquela que talvez utilize mais as capacidades das peças Technic. Rodando uma peça na traseira (logo abaixo da que serve para controlar a direcção), podemos configurar o modo do veículo. A primeira, que podemos chamar de exploração, onde a cabine fica elevada para, provavelmente, dar melhor visão aos tripulantes. A segunda, que talvez possamos chamar de movimentação, onde a cabine desce quase ao nível da superfície e, aparentemente, o veículo fica mais estável para grandes velocidades. O efeito é engraçado e quase que posso afirmar que este gadget é o coração de todo o conjunto.
Por fim temos uma espécie de pega que provavelmente é para utilizar com outro set do tema, o 42181 VTOL Heavy Cargo Spaceship LT81, mas não encontrei a confirmação.
Em termos de peças não sou a melhor pessoa para avaliar, já que não consigo dar utilidade à grande maior parte delas. No entanto confesso que aquele windscreen e aqueles pneus são muito, mas mesmo muito, interessantes!
É muito interessante o espaço ter chegado ao LEGO Technic e seria inevitável ter um conjunto mais baratucho como este. Cumpre o desígnio mas penso que sem brilhar. Provavelmente para esta sensação ajude o facto que o mundo Technic não me cativa.
Conclusão 6/10
Tema: Friends
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 426/3
Preço LEGO®: 30€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/42618-1/Heartlake-City-Caf%c3%a9
Friends continua a ser um tema que vale a pena ter debaixo de olho. Se ignorarmos algumas cores fantasiosas que continuam a persistir nos seus conjuntos, há sempre vários detalhes que valem a pena. Claro que as minidolls são um problema para o valor final do conjunto já que, na minha forma de encarar o hobby, são inúteis. No entanto acredito que essa barreira é cada vez mais frágil para uma boa parte dos AFOLs criativos que conseguem, de alguma forma, encaixá-las nas suas construções.
Este é um conjunto que segue o padrão habitual do tema onde temos um pequeno e colorido estabelecimento, sem fundo para o interior também poder ser cenário de brincadeiras. A variedade destes estabelecimentos mostra que o caminho seguido pelo tema City, onde todos os anos temos o mesmo de sempre, quanto a edifícios é claramente uma opção pobre por parte da LEGO.
Com um PPP próximo dos sete cêntimos, considero que este conjunto tem um preço justo para o que oferece. Há um conjunto interessante de peças onde destaco as inusitadas peças de vegetação em rosa, as sempre bem-vindas janelas e portas, a grandes plates e a simpática lambreta. Fiquei algo desiludido que as peçsa que fazem os arcos das janelas venha naquela cor esquisita, noutra cor poderia ser um must-have para alguns tipos de construções. A variedade de cores pode ser um contra já que é tanta que apenas há uma pequena quantidade de peças de cada. Facto que faz com que num conjunto colorido como este, as cores neutras (branco, preto e cinzentos) sejam as cores com mais variedade de peças.
A experiência de construção é a esperada sem qualquer surpresa digna de nota. Continuo a achar que a colocação de autocolantes é um martírio e achei interessante a forma como as montras foram conseguidas.
O desenho final é agradável e bem em linha com que a linha Friends nos habituou. Gostei do formato não simétrico com que a base fica devido ao local de estacionamento da pequena motorizada. A profusão de cores é a esperada, mas os tons suaves fazem com que não choque muito. O acesso ao interior é facilitado por não haver tecto além dos fundos. As minifiguras, um casal de clientes e a dona/funcionária do café são mais que suficientes para criar pequenas brincadeiras tanto no exterior, como no detalhado e espaçoso interior.
No fundo este é um conjunto que cumpre o esperado tanto pelo tema como pelo preço. Poderemos dizer que é mais do mesmo, mas de forma positiva.
Conclusão 7/10
Tema: Architecture
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 4383/-
Preço LEGO®: 230€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/21061-1/Notre-Dame-de-Paris
Depois de ter declarado o meu amor incondicional aos anterios três conjuntos Architecture que abordam edifícios históricos (21056 Taj Mahal, 21058 The Great Pyramid of Giza e 21060 Himeji Castle), claro que não poderia deixar passar este ao lado. Mas há algo que faz com que este conjunto se distinga dos restantes três. O preço.
Será que esta diferença substancial afecta a minha adoração a este conjunto de sets?
Preço maior, maiores dimensões e mais peças resultam num livro de instruções maior. São 292 páginas num formato próximo do A4 e que compreendem as 34 saquetas do projeto. Curiosamente não sei se posso considerar que são 34 fases, já que são várias as vezes que temos que abrir dois sacos em conjunto. Por outro lado, as fases são todas relativamente curtas o que, a meu ver, torna a construção muito mais fluída e agradável. O livro vem com o cinzento como cor de fundo, o que agora é habitual e, apesar de eu não gostar propriamente da cor, torna a leitura das instruções muito mais simples do que era quando se utilizava o preto. No livro de instruções temos também os habituais textos e fotografias do original, mas que agora não se concentram no início, mas sim em pontos chave da construção. Além disso, os habituais pequenos comentários que temos durante a construção são, neste caso, diferentes, já que relatam sequencialmente a construção da original com datas e algumas curiosidades que, por vezes, enquadram aquilo que estamos a construir. Curiosamente isso fez com que alguns detalhes da construção fossem realizados em alturas inesperadas, já que tentam replicar a ordem como o original foi construído. Apesar de ser uma evolução muito interessante, achei que os comentários eram demasiado esparsos e que deveriam ter fotografias ou gravuras dos detalhes originais para podermos comparar melhor. Mesmo assim considero um passo em frente por parte da LEGO ao tentar tornar o ato de construir o mais interessante possível e não ficar apenas pelo resultado final.
Mesmo assim, não consigo considerar a experiência de construção como excelente. O problema é que existem várias secções com vários passos repetidos que, a dada altura, são extremamente monótonos. Sei perfeitamente que esta construção obriga à existência destes passos e a LEGO até tornou-os curtos e, na medida do possível, espalhou-os ao longo da construção. Claro que aquelas 40 varinhas mágicas ficarão na memória mais tempo do que deveriam. Fora isso, a construção está recheada de detalhes interessantes que por vezes são resultado de técnicas interessantes. Devo destacar que, ao contrário de muitas outras construções LEGO, a posição das peças que dão um ar arredondado à construção não ficam fixas, o que resulta que facilmente saem do sítio. Pessoalmente não me faz espécie, mas acredito que para alguns AFOLs mais ortodoxos fiquem algo desconcertados. É pior que acertar autocolantes…
Os interiores são um detalhe algo agridoce. É giro vê-los na altura da construção, mas acho que depois raramente iremos remover o telhado para vê-los. Sim, dá para espreitar pelas portinhas, mas pouco se vê.
O resultado é lindíssimo e impactante mesmo tendo em conta a dimensão. Poderemos considerar o preço como justo tendo em conta não só a dimensão, mas sim o peso e detalhe. Claro que muitos detalhes foram omitidos devido à escala e outros a compreensão tornou-os algo simples. O maior exemplo disso são as estátuas em alto-relevo da fachada pro vezes substituídas por simples cones ou mesmo tiles round 1x1. No entanto acho que é compreensível e julgo que ninguém irá reclamar por isso.
Considero que este set é muito bom e digno da série iniciada no Taj Mahal (pequeno). A LEGO está a evoluir nesta colecção e espero que para o próximo ano continuem, mas de preferência com um conjunto um pouco menor.
Conclusão 9/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 633/3
Preço LEGO®: 55€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60420-1/Construction-Excavator
Quando vi pela primeira vez as imagens deste conjunto pensei logo: isto tem tão bom aspecto.
Será que depois de construí-lo fiquei com a mesma opinião?
A construção desenrola-se por seis fases e ocupa um livro de instruções de 160 páginas. Construímos primeiro a secção superior da escavadora, deixando para o fim a parte inferior com os incontáveis segmentos das lagartas. A construção é relativamente interessante e, por vezes, até dá a sensação que estamos a construir algo Technic. Não tanto pela utilização abusiva de peças desse tema, mas pela forma como construímos de dentro para fora. Não quer dizer com isto que não são utilizadas peças Technic. São, e são essenciais para o modelo final deste conjunto. Claro que tantas peças Technic possibilita tanto a existência de articulações como aumenta a estabilidade de toda a construção. Curiosamente, foram mais essenciais na estabilidade que nas articulações.
Claro que quem me conhece, sabe que não sou muito fã das soluções em que são utilizadas uma boa percentagem de peças Technic. Simplesmente porque depois dos conjuntos serem desmontados (o que nas minhas mãos acontece a maior parte das vezes), a grande maior parte destas peças tornam-se inúteis. Nas minhas mãos, nas mãos das crianças e na maior parte dos AFOLs.
Mas tirando estas considerações mais gerais, este conjunto em particular é uma maravilha em termos de realismo. Além de facilmente reconhecível, “cheira” a potência e versatilidade tal como os originais. No entanto, há ali algumas articulações que, penso eu, deveria ter um grau de liberdade maior. Nada que afete gravemente a jogabilidade que até se pode considerar alta neste conjunto.
Então se temos realismo, solidez e jogabilidade, porque é que tem que sempre haver um “mas”?
O “mas” começa pelo preço… que me parece exagerado para o produto final. Temos uma máquina bem detalhada e com imensas peças mas cuja dimensão não me parece justificar o preço. As peças são, na sua maioria, específicas e parece que foram desenhadas para este conjunto em particular. Claro que tendo em conta que nenhuma é exclusiva ou criada este ano até podemos pensar que estamos perante um bom trabalho do designer. Se calhar um trabalho demasiado bom.
Porque não algo mais simples e mais barato?
Aqui continua o segundo “mas”. Será que há necessidade de um modelo que é vendido numa linha que, penso eu, é dedicada à brincadeira depois de construído, ser tão detalhado e realista? Pessoalmente penso que não e a minha experiência com crianças vai no mesmo sentido. Faz, de certa forma, lembrar-me o papagaio Creator do ano passado que não tinha forma de sair do poleiro sem desfazer as patas.
Portanto fico dividido quanto a este conjunto. Na óptica de um AFOL possui um realismo e é construído de forma interessante, mas pergunto-me se será necessário este nível de detalhe (acompanhado de um preço que considero elevado) para os mais novos.
Conclusão 8/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 240/1
Preço LEGO®: 20€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60430-1/Interstellar-Spaceship
Outro conjunto espacial deste ano em que o nome promete muito. Será que o resultado cumpre o esperado?
Interstellar remete claramente para o grande filme do Nolan de 2014 e até pode dizer-se que há algumas semelhanças desta nave com uma das utilizadas no filme. Não consigo sequer imaginar outra razão para a utilização desta palavra no nome do conjunto, já que não se espera que uma nave desta dimensão tenha capacidades interestelares.
Para a construir temos um livro com dimensões perto da A5 com 104 páginas. São duas as fases e,sinceramente, não senti que cada uma representasse uma secção do veículo. A construção é simples, rápida e, até se pode afirmar, agradável. Vemos a nave a crescer de baixo para cima e é fácil chegar à conclusão de que os designers gostam muito de complicar o que poderia ter levado metade das peças a construir. O que resulta numa nave que até é relativamente pesada para a dimensão que possui.
Pessoalmente gosto bastante do resultado final já que é um bom compromisso entre brinquedo, estética e funcionalidade. Claro que pelo meio temos uma seleção de peças algo inútil nas mãos das crianças, mas isso é o pão nosso de cada dia em muitos temas LEGO. Claro que, por outro lado, temos também aquelas peças que agradam os AFOLs mais imaginativos.
O gadget accionado pelo acto de pressionar bateria está muito bem conseguido e, realmente, impulsiona o factor swoosh da nave a velocidades incríveis. Gosto também do detalhe dos travões aerodinâmicos apesar de achar que o designer teria outras ideias quanto à sua função. De qualquer forma, também não estou a ver que utilização teriam em viagens interestelares. A quantidade de peças que esta pequena nave possui resultou num veículo maciço (e pesado como referi anteriormente) e, portanto, sem qualquer espaço interior além do reservado para a piloto. É pena, porque algum espaço para bagagem, espaço para outro tripulante ou mesmo para o drone, seria algo que poderia aumentar a jogabilidade.
O tripulante está equipado de azul escuro o que, segundo creio, significa que é o líder da equipa de pilotos deste tema. Aliás, acho fantástica esta divisão por cores que a LEGO fez neste tema. Qualquer coisa como azuis para os astronautas, verdes para os cientistas e amarelo torrado para os prospectores. Além do astronauta, temos um pequeno e simpático drone que, como referi acima e pelo que depreendi, não tem lugar na nave espacial.
Gosto da nave tanto pelo preço justo como pela jogabilidade geral. No entanto fico com a sensação que poderia ter ido mais além.
Conclusão 8/10
Tema: Speed Champions
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 249/1
Preço LEGO®: 25€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/76915-1/Pagani-Utopia
Não sou apreciador do mundo automobilístico e por isso quando analiso os Speed Champions tento manter-me mais pela faceta LEGO da coisa. Talvez por isso não fique muito triste em não aplicar os autocolantes, o que neste caso até nem são muitos.
A construção, como nos restantes conjuntos do tema que eu já tive a oportunidade de montar, é dividida em duas fases onde a primeira trata da parte traseira e na segunda fazemos a dianteira. É sempre giro tirar uma fotografia a meio e pensar que o carro foi abalroado por um comboio. Como sempre, estes conjuntos são um pequeno festival de técnicas de construção avançadas onde ângulos impossíveis e curvaturas interessantes resultam num todo impressionante.No entanto, e como noutros Speed Champions que fui construindo nos últimos meses, fiquei com a sensação que a introdução massiva de peças novas dá um ar de “batotice”. Parece que os designers facilmente chegam à conclusão da necessidade de uma peça nova, quando esse passo, a meu entender, deveria ser evitado sempre que possível. Não sou contra o aparecimento de peças novas mas sim quanto ao banalizar desse processo. Nos últimos anos a LEGO tem exagerado e, sinceramente, é algo que penso que está a prejudicar o hobby.
Como em vários outros carros, os detalhes das extremidades traseira e dianteira são espectaculares. Neste carro fiquei espantado com a inclinação da secção traseira e a inclusão de portas para a obtenção de um efeito bem particular. A utilização de patins de gelo na frente é mais um episódio feliz do uso de peças em situações diferentes. O tal Nice Part Usage que faz delirar alguns AFOLs. O resultado final transmite a sensação de bólide da estrada mesmo não conhecendo a fundo o original (sim, fui espreitar umas fotografias). Mas a cor utilizada fica algo soturna e, pergunto-me eu, porque não foram para uma cor mais clara como aparece nas várias fotografias que vi na Internet. Também pelas mesmas imagens senti que este carro (e outros que já construí) não consegue transparecer o formato quando visto de cima. A largura é basicamente a mesma desde a frente até à traseira, o que muitas vezes não acontece com os modelos reais. Neste isso é bastante notório já que as curvaturas do original são bem orgânicas.
No geral, posso dizer que fiquei satisfeito, talvez muito por causa do efeito que descrevi acima. Transmite a sensação de um bólide. Há alguns ângulos interessantes que são conseguidos graças a técnicas de construção avançadas. Técnicas que fazem com que o processo de montagem seja bastante agradável. No entanto, sinto que é apenas mais um, sem se distinguir muito dos demais carros da série.
Conclusão 7/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 1097/6
Preço LEGO®: 100€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60433-1/Modular-Space-Station
Só o nome do set já faz babar qualquer entusiasta de construções espaciais LEGO como eu. Depois de duas estações espaciais lançadas há poucos anos que, curiosamente, tinham o mesmo nome, a 60227 Lunar Space Station de 2019 e a 60349 Lunar Space Station de 2022, a LEGO volta ao tema e desta vez não se faz rogada e praticamente dobra o número de peças das anteriores e, claro está, o preço. Será que valeu o esforço?
As minhas análises aos sets anteriores (links acima) revelaram que apesar de ter gostado da ideia e de vários detalhes, o resultado esteve longe da excelência que eu esperaria deste tipo de conjuntos. Para este conjunto senti o mesmo (sim, estou já a fazer a conclusão) já que o número de peças, o estar montada num aro e um esquema de cores mais ao meu gosto, não foi suficiente para me satisfazer por completo.
Mas vamos lá começar pelas peças onde os dados Brickset resultam em algo curioso já que afirma que o set tem 1097 peças mas o inventário de peças dá um total de 1113. Como é habitual deste site, os dados são retirados das bases de dados da própria LEGO. Como não andei a contar as peças (nem pretendo fazê-lo) não consigo afirmar quais destes números é o correcto, ou mesmo se algum deles o é. De qualquer forma o Preço Por Peça está abaixo dos 10 cêntimos, o que nesta altura é algo que poderemos afirmar com uma nota positiva. Mesmo sabendo que a maior parte das peças é minúscula. Há algumas peças exclusivas mas apenas destaco uma delas, as quatro unidades da bandeira em preto com a impressão de painel solar. Este destaque tem um sabor agridoce porque apesar de gostar bastante desta peça e da sua impressão, não sei até que ponto não teria sido melhor continuar com as impressões do conjunto de 2022. A canópia transparente e as grandes engrenagens (¼ de aro) em sand-blue também poderão ser consideradas interessantes, mas a primeira já havia semelhantes e as engrenagens não são bem a minha praia. A grande quantidade dos paíneis 2x2x2 no novo trans-black, as slopes curvas invertidas 2x2 em DBG, as plates round 1x2 em LBG e as peças no novo laranja avermelhado são algo a ter em conta. Atentos também às duas unidades dos painéis em branco e às duas em trans-black que “tapam” os módulos, já que são peças que, acredito eu, tem um bom potencial de utilização. Depois há uma boa série de peças interessantes em que destaco a variedade de peças brancas.
A construção disto tudo pode ser um pouco desconcertante. Primeiro porque temos 6 livros para 9 fases de construção. Ok, poderemos dizer que é para dividir a construção entre vários elementos da família, mas entre jogar um bom jogo de tabuleiro ou construir um set LEGO em família, a minha escolha vai directamente para a primeira opção. Depois temos duas fases (a segunda e terceira) que é no fundo uma construção technic. Por fim, temos 4 módulos praticamente iguais que, surpreendentemente, até nem me aborreceu muito. Talvez porque achei que era um detalhe esperado tendo em conta o tema do set e porque os designers fizeram com que a construção dos módulos fosse intercalada com outras secções.
O resultado é.. Também desconcertante. Gosto dos aspecto geral dos módulos e até compreendo a dimensão de forma a manter o preço num limite satisfatório. No entanto, não compreendo não ter porta de comunicação utilizando a própria peça que a LEGO fez para servir de escotilha. Podemos afirmar que os miúdos podem aceder ao interior dos módulos através do estreito espaço criado em cima, mas a aventura de estar no espaço é mesmo passar pelas escotilhas. Outro detalhe que não me agrada é que a estação tem o formato circular porque esse é um formato muito visto em filmes e séries de TV. Mas há uma razão para isso, já que se a estação rodar, a força centrífuga vai fazer com que seja possível simular a gravidade nos módulos. Mas para isso o “chão” deverá estar no exterior do aro e não na disposição que este conjunto nos dá. Aliás, a disposição é tão esquisita que no caso da estufa, as plantas iriam ficar esborrachadas no topo do domo. Outro problema é que temos os módulos separados e como não há câmaras de descompressão, de toda a vez que um astronauta quisesse ir a outro módulo, toca a retirar o ar todo do módulo (com todos os inconvenientes associados) e voltar a encher. Yeps, muito giro. Portanto além de escotilhas como deve de ser, os módulos deveriam estar conectados de algum modo.
Claro que agora o pessoal pode reclamar que os miúdos não ligam a esses detalhes.. Ligam, sim. Aliás, os contratempos do vácuo é uma características mais importantes em qualquer história que se passa no espaço.
As minifigs são seis o que faz com que fique uma em cada módulo ou veículo. Por falar em veículos, a “mota espacial” está giríssima mas sinto que algo deslocada no tema. A antena parabólica deveria estar noutro local, mas neste ponto onde as incorrecções são tantas que já nem ligo.
É um brinquedo que cumpre quanto à sua jogabilidade, no entanto consegue ao mesmo tempo desiludir. Não foi à terceira que a LEGO acerta no alvo, mas espero que volte a tentar que o pessoal gosta na mesma.
Conclusão 7/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 311/4
Preço LEGO®: 30€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60431-1/Space-Explorer-Rover-and-Alien-Life
Um possante veículo explorador encontra vida extraterrestre. Será que a LEGO conseguiu estar à altura deste importante momento para a humanidade?
Vamos ser sinceros, os queridos seres verdes são o extra deste set já que todas as atenções são direccionadas para o 6-rodas. É, provavelmente, essa mesma característica que distingue mais este veículo. Também o design é algo agressivo (não é fácil de imaginar uma torre de armamento no topo?), detalhe que pode ser aligeirado pelo esquema de cores. Os amortecedores frontais são outro pormenor cativante e que claramente mostram a sua função. A engenhoca que serve de amortecedor para as rodas traseiras não é tão evidente, mas funciona de forma satisfatória. Fico curioso como seria implementada a direcção num veículo deste género. O rover possui uma porta traseira para o “carrinho telecomandado”, mas fica um pouco esquisita já que a rampa na posição de aberta fica com uma inclinação exagerada e mesmo assim não chega à superfície. Retirando a canópia e parte da estrutura superior, dá para perceber que existe espaço para dois tripulantes além do habitáculo (separado) do “carrinho”. Curiosa a opção da colocação dos projectores de luz que estão distribuídos de forma não simétrica. O mesmo acontece com a pequena antena de comunicações. A estética geral segue a linha dos demais veículos do tema, onde o branco predomina com o preto nas áreas funcionais e apontamentos em sand-blue e no novo laranja avermelhado. As canópias e janelas são no novo trans-black que, de forma algo ridícula, aparece com outra tonalidade nas fotografias e imagens ilustrativas. No geral o desenho é agradável com linhas modernas mas sem cair no exagero.
A primeira parte da construção do conjunto é dedicada às crateras (?) onde se escondem os simpáticos alienígenas e ao pequeno robô sobre rodas (o tal carrinho telecomandado). Para isto foi necessário criar um livro de 20 páginas. Para as três fases seguintes, que são dedicadas ao 6-rodas, estão descritas num livro maior com 88 páginas. A construção segue a tendência actual onde habitam algumas peças technic, recurso comum ao SNOT tanto para finalidades estéticas como estruturais, utilização de peças algo gigantes e de mono utilização e, por fim, a questionável escolha de peças quando outras, mais simples, poderiam ter sido utilizadas.
Por isso, a distribuição das peças é a habitual na maioria dos sets LEGO de hoje em dia. Uma grande maioria de peças específicas e de difícil utilização pelas crianças. Peças que, por outro lado, poderão fazer babar os AFOL mais criativos e que gostem do tema. Existem várias peças deste ano e algumas delas até são exclusivas deste conjunto. No entanto o meu destaque vai para as peças no novo laranja-avermelhado, para as seis rodas (que ficam muito bem com aquela guiador technic) e para a dúzia de bricks 2x2 de canto facetado em tan. Kudos também para as figuras, os dois astronautas e os dois queridos aliens.
É um conjunto aceitável para o preço e para o que pretende transmitir. Qualquer criança poderá criar aventuras com o que é disponibilizado e um bem haja à LEGO por ter dado um ar simpático aos extraterrestres. Não é necessário um conflito evidente para criarem-se histórias interessantes. Bastante jogável, peças interessantes (para AFOLs), um design moderno e um preço justo faz deste set uma compra segura.
Conclusão 8/10
Tema: Technic
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 526/-
Preço LEGO®: 80€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/42179-1/Planet-Earth-and-Moon-in-Orbit
Já posso ter construído muitos dos sets espaciais deste ano, mas este é, provavelmente, aquele que vai ficar mais na minha memória. E não é por já ter construído três cópias (para o meu trabalho, Caixa de Brinquedos em Paredes de Coura)...
Há já alguns anos tinha experimentado construir uma versão do JK Brickworks e tinha ficado maravilhado com a forma simples que representava o movimento destes três astros. Quando soube que a LEGO iria ter uma versão própria, fiquei imediatamente atento já que seria excelente para ser utilizado em sessões na Caixa de Brinquedos. Depois de o ter, bastou mostrar a alguns professores para ter logo várias sessões agendadas que tiveram todas o seu sucesso.
Vou agora dirigir este texto para a minha visão pessoal deste conjunto. Não sou propriamente fã dos sets Technic. Reconheço qualidade e interesse, mas simplesmente não me enquadro no tipo de construção. No entanto, não senti aborrecimento na construção deste conjunto, mesmo tendo o feito três vezes. Para a dimensão do conjunto, até é relativamente rápido de construir e, se estivermos bem atentos a alguns passos, simples de chegar ao fim sem erros. Sim, porque errar um passo num conjunto Technic pode ser sinónimo de uma boa dor de cabeça. O livro de instruções tem uma dimensão próxima do A4 e possui 144 páginas. São quatro as fases e, fora a última onde se constrói o sistema Terra-Lua, não representam propriamente secções separadas. Para quem gosta mais de system, há para ali umas peças que pouco mais fazem do que algum detalhe estético. Desenganem-se se acham que ao construir o set vão ter uma noção das multiplicações e desmultiplicações das engrenagens de forma a entender o que se passa. Apenas depois do modelo pronto é que podem procurar os efeitos provocados por dar à manivela e, mesmo assim, não são nada evidentes para um leigo como eu. Por falar em dar à manivela, a LEGO conseguiu que todas as engrenagens funcionassem de forma suave o que torna possível ser manejado por qualquer criança. Claro que temos que segurar na base com a outra mão, mas acho que esse gesto é tão automático que quase nem valeria a pena referi-lo.
Não contei as rotações necessárias para fazer a translação do planeta Terra ou mesmo a fidelidade do sistema Terra-Lua, mas acredito que tenham levado ao detalhe possível. Verifiquei sim a inclinação da Terra que irá provocar as estações do ano e sim, está bastante fiável. Por curiosidade, o modelo que tinha construído do JK Brickworks não possuía este detalhe.
No final o modelo tem a sua presença e possui um apelo enorme para vê-lo a funcionar. Toda a gente que mostrei o conjunto ficou surpreendida e os comentários foram bastante positivos. Quando recebi um, o meu filho quis logo montá-lo para tê-lo no quarto!
É um conjunto que marca pela sua componente claramente didáctica mas também por ter levado o tema Technic a sair dos habituais veículos. A execução por parte da LEGO é excelente fazendo que o set seja obrigatório tanto para os technicistas como para qualquer pessoa que goste de astronomia e coisas ligadas ao espaço.
Conclusão 10/10
Tema: City
Ano de Edição: 2024
Número de Peças/Minifigs: 140/1
Preço LEGO®: 10€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/60428-1/Space-Construction-Mech
No mês passado prometi que iria avançar com reviews dos conjuntos City Space deste ano e apesar de não sentir que vá ter disponibilidade para cumprir na sua totalidade, pelo menos começo 😀.
Se ignorarmos o polybag, este é o mais pequeno do lote. São 140 peças por 10 euros (PPP de pouco mais de 7 cêntimos) que vem numa pequena caixa. As peças estão em 3 saquetas de plástico não numeradas fazendo parceria com um pequeno livro de instruções com 72 (!) páginas e uma minúscula folha com 4 autocolantes. Curiosamente, os quatro autocolantes são iguais.
Começamos a construção pelo minifig que, segundo o Brickset, é exclusivo deste conjunto. Mais tarde pretendo falar dos minifigs deste tema já que acho que a LEGO fez um brilharete. Depois do minifig, passamos para o pequeno robô cuja base assenta numa peça Technic. A construção é simples mas sem deixar de envolver um SNOT conseguido através de peças Technic. Como é apanágio deste tema, vem equipado com a bateria, detalhe que a ver se falo mais no futuro. Antes de chegar ao mech, construímos uma pequena porção do terreno alienígena. Dá-nos um vislumbre do cenário de exploração e cumpre o objetivo de servir de cenário para os veículos deste conjunto bem como introduzir os cristais, peça fundamental da aventura deste tema. A construção do mech ocupa a maior parte do livro de instruções e o número de páginas é justificado pela repetição de alguns passos que são exactamente iguais. Claro que se compreende essa repetição percebendo a perspectiva de uma construção linear. Essa repetição não torna a construção monótona porque simplesmente não há tempo para isso. Demora menos de 10 minutos e pode dizer-se que é agradável.
O resultado final não surpreende mas também não compromete. É um pequeno mech que serve perfeitamente como entrada ao tema mas com o bom detalhe de não ser redundante com o conteúdo dos conjuntos maiores do tema. Gosto do esquema de cores onde as cores neutras (branco, preto e cinzentos) são sobriamente acompanhadas pelo sandblue e pela nova cor, reddish orange. Que, como o nome indica, fica algures entre o laranja e o vermelho. Nestes pequenos mechs a parte traseira costuma ser esquecida. Neste caso apesar de não ser propriamente detalhada, também não ficou sem nada.
Em termos de peças não temos peças exclusivas, apesar de algumas serem exclusivas do tema. Fiquei surpreendido pelas 9 plates 2x3 (4 em LBG e 5 em preto) acompanhadas por outras plates básicas bem como outras peças que podemos incluir numa hipotética família de peças básicas. Curiosamente, todos os bricks básicos (dois 1x2 e um 1x1) são em dark orange. Depois temos a miríade de peças modificadas e Tehcnic. Destaque para as duas tiles 2x2 impressas com o renovado logótipo espacial, para a ainda incomum plate round 1x3 e para as mais vulgares barras com studs nos extremos.
As Peças 7/10 (um bom punhado de peças)
Construção 7/10 (rápida demais para marcar)
O Desenho 7/10 (competente sem deslumbrar)
Jogabilidade 9/10 (idealizado para ser brincado)
Este conjunto pode não surpreender, mas mais do que não comprometer, é uma excelente entrada para o tema. Esquema de cores sóbrio, aspecto que não desilude e, acima de tudo, possibilidade de jogabilidade excelente num tema muito bem conseguido pela LEGO.
Conclusão 7/10
Tema: Icons
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 1363/-
Preço LEGO®: 105€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/10315-1/Tranquil-Garden
Apesar de agora não andar na azáfama de construir e analisar vários sets por mês, por vezes até ultrapassava a dezena, de vez em quando ainda sabe bem construir e depois pensar nele de forma a escrever uma review. Construí este conjunto há já quase duas semanas, será que fiquei agradado?
O livro de instruções com aproximadamente as dimensões de uma folha A4 tem 128 páginas. Como é habitual nas instruções de conjuntos dirigidos para adultos, dedica algumas páginas a uma introdução à construção e o fundo é mais escuro. Felizmente já não é o fundo preto que a LEGO teimosamente colocava nas instruções dos mais graúdos. A construção é dividida em 11 fases, sendo as duas primeiras dedicadas ao pequeno edifício, as sete seguintes à base, rio e relevo e por fim as duas últimas à vegetação (e não só) intercambiável.
A construção decorre de forma agradável já que não há grandes secções que necessitem repetição, ou secções inteiras em que andamos a empilhar peças semelhantes. Talvez a base possa causar alguma insatisfação, mas nada de grande monta já que o colorido das peças e a utilização de wedges vão apimentando as coisas. As tiles do pequeno regato vão sendo colocadas com várias orientações e intercaladas com plates e tiles impressas e acaba mais cedo do que se espera. Há algumas secções em SNOT e a construção da pequena ponte é bastante interessante, no entanto o que mais me agradou foi mesmo colocar o pequeno edifício na diagonal. Simples, eficaz. Talvez a parte mais chata foi mesmo a construção das folhagens, mas nada que afetasse a fluidez da construção já que até foi bem rápida.
O resultado final é lindíssimo já que há um equilíbrio entre todas as secções o que espelha bem o que estes jardins japoneses pretendem. Temos o pequeno lago/riacho, as rochas, o passeio, o pavilhão e bastante vegetação, mas sem haver constantes estranhos e até podemos afirmar que há alguma fluidez nas transições. Todo o conjunto está incluso numa base ao estilo do conjunto do Bonsai. Sinceramente ainda não consegui decidir se gosto ou não deste efeito já que olho para este conjunto como algo que poderá ser um ponto de partida para um pequeno display.
A vegetação maior e o pequeno santuário, estão montados de forma a poderem ser trocados de local. É uma faceta interessante da construção mas, pessoalmente, não me estou a ver a utilizar. Gosto da distribuição sugerida nas instruções (que é diferente da capa do livro de instruções) e duvido que alguma vez a vá alterar antes de demonstrar este set para peças.
Porque este é um dos aspectos mais interessantes deste conjunto. As peças. Primeiro porque gosto muito da distribuição entre peças básicas (muitas) e peças específicas (menos). Um claro sinal de mais para a quantidade de peças das cores que eu chamo “terra”. Verdes, dark-orange, dark-tan, tan e castanho. Também é um ponto positivo para as peças de vegetação que incluem algumas peças recentes. Esperaria que fossem mais para um conjunto que tem a palavra “jardim” no nome, mas não ao ponto de ficar insatisfeito. O PPP é bom e há várias peças exclusivas das quais eu destaco as simples slopes em castanho escuro.
As Peças 10/10 (distribuição interessante e equilibrada)
Construção 7/10 (agradável)
O Desenho 9/10 (equilíbrio acima de tudo)
Jogabilidade 8/10 (para expor ou aumentar)
Este é um set que consegue, dentro do possível de uma construção com peças LEGO, transmitir o que poderia ser um pequeno jardim japonês. Peças interessantes, construção agradável, mas sem grandes momentos wow, e um resultado que ficará bem exposto como poderá também ser um ponto de partida para algo maior.
Conclusão 9/10
No passado domingo reservei um tempinho para construir dois sets que me tinham oferecido na abertura da loja LEGO do Norteshopping. O 40460 Roses e o 40461 Tulips. São dois pequenos conjuntos do tema Creator (subtema Botanical Collection) editados em 2021 com um PVPR de 15 e 10 euros respecticamente.
Achei piada construí-los, mesmo em conta as secções repetidas. Como são relativamente rápidas, não há tempo de se tornarem aborrecidas. O efeito final é muito bom e basta uma pequena jarra para embelezar um canto qualquer da casa por um valor digamos, simpático.
No entanto ao investigar por outras rosas no Brickset, dei com estes dois conjuntos (links nas imagens).
Ambos eram de disponibilidade limitada e o segundo até vinha com as peças coladas e numa caixinha girinha (cheguei a oferecer um a um familiar). Mas o meu ponto ao falar destes dois sets é que ambos foram construídos graças a peças relativamente básicas e , arrisco dizer, comuns. Eu sei que o efeito não é tão imponente e perfeito como o set de 2021 e fica a milhas do mais recente deste ano. Mas isso é conseguido sacrificando a faceta de brinquedo dos conjuntos já que é impossível uma criança fazer o que quer que seja com as peças dos mais recentes enquanto olho para os mais antigos e já vejo possibilidades. Bem, no último nem tanto porque as peças vinham coladas...
Será que este caminho de especialização pela LEGO não está a cair num exagero ao aproximar-se de marcas como a Cobi? Onde há peças únicas para determinados sets o que faz com que seja menos um brinquedo de construção mas mais um brinquedo que se constrói?
Pelos sucesso que esta série em particular está a ter, diriamos que a LEGO só segue as tendências do mercado e a fazer aquilo que os clientes querem...
Tema: Classic
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 1000/-
Preço LEGO®: 60€
Link Brickset: https://brickset.com/reviews/set-11030-1
A primeira vez que ouvi falar deste set foi através do Tiago Catarino onde referiu a particularidade de apenas ter bricks. Claro que isso bastou para despertar a minha curiosidade tanto a nível profissional como AFOL. Passado algum tempo finalmente tenho a oportunidade de analisar esta caixa que, parece-me, tem mais surpresas do que as esperadas.
A primeira surpresa é que as peças foram escolhidas de uma forma muito particular. Temos apenas 6 tipos de peças, todas bricks como referi acima, em 10 cores diferentes. Ou seja, temos tijolos 1x1, 1x2, 2x2, 1x4, 2x4 e 2x6 em branco, vermelho, amarelo, preto, laranja, verde-lima, dark purple, medium nougat, medium azure e coral. Yeps, temos uma regularidade desconcertante de 100 peças de cada cor, todas com a mesma quantidade e tipos.
A surpresa seguinte é a distribuição do tipo de peças. Temos as esperadas e muito bem vindas 32 unidades dos bricks 2x4, as inevitáveis 20 bricks 2x2 e as mais específicas 4 unidades da 2x6. Parece-me que a distribuição das 2x? É aceitável. O mesmo não acontece com as 1x? já que ter 16 das 1x1, 20 das 1x2 e apenas 8 das 1x4 fez com que ficasse com a sensação de desequilíbrio já que acho as 1x4 essenciais para construções. Claro que isto é uma opinião pessoal e, provavelmente, o pessoal da LEGO analisou as necessidades e pode ter chegado a conclusões diferentes das minhas.
A terceira surpresa foi a escolha das cores. Das cores clássicas (branco, preto, vermelho, azul e amarelo) apenas o azul está ausente, tendo sido substituído por uma versão mais moderna, clara e alegre, o medium azure. Curiosamente, acho que aconteceu o mesmo com outras duas cores fundamentais nas construções, o castanho foi substituído pelo medium nougat e o verde pelo verde-lima. Depois temos o habitual laranja, o esperado dark purple e o coral que faz esquecer o rosa e sucedâneos de forma mais eléctrica. Portanto, a substituição de 3 cores habituais por versões mais modernas é uma surpresa. Uma boa surpresa.
A quarta surpresa já vem do manual. As 48 páginas numa dimensão pouco menor que a A4 estão dispostas de forma bem diferente do esperado. A lista de peças encontram-se logo no início (quarta página) e, curiosamente, não aparecem as referências das peças. Apenas a representação de uma perspectiva superior (não a habitual isométrica) com a quantidade. Compreende-se esta opção já que as peças são todas bricks. Passamos para um índice visual muito colorido mas, penso eu, nada eficiente. Já que nos aponta uma série de construções para uma página que representa uma secção de várias. As instruções propriamente ditas são acompanhadas por imagens dos modelos completos (várias vezes acompanhados por outros modelos que não há instruções) e por fases passo a passo num formato bem giro e que podem ver nas imagens. No fim temos uma página dupla com ideias para outras construções. Posso dizer que adorei a aproximação diferente do manual já que apela, e muito, a que os miúdos construam outros modelos.
Por fim, a surpresa vai para os próprios modelos propostos já que não tem problemas algum em utilizar as peças tradicionais em situações em que normalmente vemos peças específicas. Os bricks servem para rodas, para folhas, para portas, para janelas e por aí a fora.
São exactamente este tipo de modelos que utilizo em algumas das actividades que dinamizo no meu local, a Caixa de Brinquedos em Paredes de Coura. Por norma utilizo apenas bricks 2x4 e com essas peças faço, e faço com que os participantes façam, tudo o que é suposto construir naqueles momentos. Este conjunto é uma rica extensão ao que estou habituado a fazer e revela-se uma boa opção para o meu trabalho.
Além disso e pensando como um AFOL: Ena, peças baratas (6 cêntimos), bricks básicos que estão sempre a utilizar em todos os tipos de construções, nem que seja para encher e, por fim, algumas cores bem interessantes. Este é daqueles conjuntos que podemos comprar algumas unidades para ter um bom stock de algumas cores!
Este set encheu-me as medidas tanto como AFOL como profissional que utiliza as peças LEGO. Acredito que seja daqueles que seja obrigatório nas casas de crianças e adultos que gostem de LEGO, não só pelo seu potencial como brinquedo de construção mas também por ser extremamente útil. Consegue surpreender e não só apenas pela sua simplicidade.
Conclusão 10/10
Tema: Architecture
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 2125/-
Preço LEGO®: 160€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/21060-1/Himeji-Castle
A linha Architecture já não tem a relevância que tinha há uns anos atrás quando era uma das poucas representantes do “LEGO para adultos”. Com o aparecimento do Creator Expert, 18+, Adults Welcome, Icons, etc, foi perdendo espaço e, na minha opinião, a repetição de alguns edifícios, só acelerou a sensação de cansaço do tema. No entanto, há dois anos com a edição de uma versão mais pequena (e melhor) do Taj Mahal, levou que a linha traçasse um novo rumo que foi reforçado com o lançamento da Pirâmide de Gizé no ano passado e com o lançamento deste ano do Castelo Branco. Será que o volume de vendas irá permitir que a linha continue neste sentido?
Espero que sim.
Esta afirmação indica logo o que penso em particular deste set e da linha em geral. Adoro os monumentos históricos e a forma como a LEGO está a conseguir representá-los. Mas vamos agora falar deste em particular.
O livro de instruções é um pouco mais pequeno que o A4 e contém 208 páginas. Como é habitual nestas linhas para adultos, as primeiras páginas são dedicadas ao objecto representado, a algumas palavras do designer e à versão da LEGO. Essas páginas são com o fundo em preto, o que as distingue das páginas de instruções propriamente ditas que já são em cinzento. O que torna a construção mais simples já que o preto por vezes dificultava a visualização de peças em algumas das cores mais escuras.
A construção divide-se em 17 fases que acompanham, mais ou menos, os níveis do castelo. Não posso dizer que fiquei grandemente admirado com as técnicas utilizadas, no entanto a utilização se jumpers e do offset é explorada ao máximo. São inúmeras as vezes em que utilizamos vários tipos de jumpers para criar efeitos que melhoram imenso o modelo. Cheguei a sentir que não haverá outro set LEGO em que o jumper é tão explorado como este. A única altura em que senti alguma monotonia na construção passou-se praticamente no fim onde ocorre a montagem das várias árvores que compõem o set.
Não sou propriamente conhecedor deste monumento mas o resultado é belíssimo e, penso, eu, segue os traços gerais do edifício. O esquema de cores escolhido é agradável e as técnicas utilizadas para representar os pequenos detalhes são mais que suficientes para o resultado final ser bastante interessante mesmo para uma pessoa, como eu, que não conhece bem o original.
Já o coloquei ao lado dos outros dois (Taj Mahal e Gizé) e o resultado é bastante satisfatório. São as construções mais truculentas que os Architecture que estávamos habituados, o que resulta num impacto mais interessante. Aliás, devo referir que este set é um pouco maior do que estava à espera!
Em termos de peças o PPP é de sete cêntimos e meio o que até é o expectável para um set onde abundam as pequenas. Gosto imenso da variedade que este set oferece, já que temos um bom equilíbrio em termos de peças básicas (muitas) e específicas. De notar quantidades interessantes de algumas peças como as 121 flores 1x1 em dark green, as 98 plates 1x1x2 em branco, as 38 slopes 75º 2x2x3 em dark tan e os 20 boomerangs em DBG. Destaco também a variedade de cores já que praticamente todas são utilizáveis no meu estilo de construção.
Em termos de exclusividades também temos coisitas interessantes. A ponta do telhado em DBG deve ser a mais visível já que foi criada com este set em mente. Já existe noutro conjunto, mas as 21 unidades dão um bom lote. Outras interessantes já as referi acima, as flores e os boomerangs.
As Peças 10/10 (variedade muito interessante com várias preciosidades)
Construção 8/10 (jumper galore)
O Desenho 9/10 (fiel de forma bem simples)
Jogabilidade -/10 (para expor…)
Este é um digno sucessor dos recentes Taj Mahal e Pirâmide de Gizé. Sem espantar a nível de técnicas, resulta numa construção que mostra a imponência do edifício original bem como a simplicidade das suas linhas. O efeito do esquema de cores é bastante agradável.
Conclusão 9/10
Tema: Creator
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 145/-
Preço LEGO®: 10€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/31140-1/Magical-Unicorn
Este é mais um dos animaizinhos Creator deste ano. Ok, eu sei que este é um ser de fantasia, mas está tão próximo de um real que por vezes esqueço-me disso. Isso e talvez andar a vê-lo em tudo o que é formato. Peluches, caco para por em cima do móvel, desenhos animados, peluches, nos videojogos, brinquedos, peluches.. Enfim, fomos invadidos e não sabíamos. Agora a LEGO ajuda à festa.
Este é um conjunto de 10 euros com 145 peças, o que resulta num Preço Por Peça de quase 7 cêntimos. Nada de outro mundo tendo em conta que estamos perante um set não licenciado e onde habitam uma boa quantidade de peças comuns. Nada de mal quanto a esta característica, mas, penso eu, deveria embaratecer ainda mais o conjunto. Não tem peças exclusivas (nem disso estava à espera) mas há algumas que fiquei contente em aparecerem num conjunto relativamente barato. Falo do brick 1x1 com um stud de lado e do arco invertido 1x2, ambos em laranja, e da plate 1x1 com duas barras laterais em branco. Tudo peças que neste momento ainda são raras. Apenas temos três bricks, todos em branco, no entanto até temos uma boa selecção de plates básicas, slopes curvas e tiles. O que resulta numa variedade que poderia tender mais para o básico, mas que não choca como em outros conjuntos da linha.
A construção é… Rápida e insonsa. Não me cativou e não me deixou qualquer recordação. Não construí os outros dois modelos, mas pelas imagens duvido que a minha opinião mudasse.
O resultado é, no fundo, bem esquisito. É que os membros têm a junção à frente e atrás do corpo (e não dos lados, como acontece nos adoráveis cãezinhos que falei aqui) o que resulta num animalzinho com uns movimentos estranhos. Então se lhe tirarmos a cauda, o aspecto é… como posso dizer, mais esquisito ainda?
Mas pronto, as crianças olham para aquilo e veem um unicórnio, podem brincar um pouco com aquilo e quando se cansarem (hoje em dia deve levar minutos), colocam-no no pedestal que a LEGO inteligentemente providenciou no conjunto.
E não, não penso que seja uma piscadela de olho à cultura woke, é simplesmente um arco-íris que as crianças adoram ver representado.
As Peças 8/10 (variedade e preço interessante)
A Construção 6/10 (meh)
O Desenho 5/10 (que raio de sítio para por as patas)
Jogabilidade 6/10 (minimamente brincável)
Como AFOL pode ser um meio simples de arranjar algumas peças interessantes, para as crianças não deixa de ser um pequeno jogo de construção que resulta num animal reconhecível. No entanto não consigo deixar de olhar para o conjunto e achá-lo mediano.
Conclusão 6/10
Tema: Creator
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 475/-
Preço LEGO®: 30€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/31137-1/Adorable-Dogs
Cãezinhos adoráveis. Isso existe?
Yeps, não sou nada apreciador de canídeos, mas vou tentar esquecer-me deste detalhe durante o resto da análise.
Se contarmos com a casa de passarinhos, este é um dos cinco sets Creator com animais deste ano. É também, em conjunto com o dos passarinhos, o mais caro. O preço pode ser considerado interessante já que dá 6,3 cêntimos a peça. Claro que há que ter em conta que uma boa parte delas são bem pequenas.
Há duas peças exclusivas com três unidades cada e que servem como coleira para os três cães. Nada que me chame a atenção, mas podem ver esses detalhes nesta página do Brickset. Na mesma página apreciei mais a quantidade e variedade de peças em tan e medium nougat onde são incluídas peças básicas como bricks e plates, mas também algumas específicas como plates modificadas e tiles. Apesar de ser de ser um conjunto pobre em termos de bricks básicos (há apenas 7), a verdade é que é bastante rico em plates básicas o que, na minha opinião, é outro ponto forte deste conjunto. A distribuição de peças básicas e peças específicas pode não ser a ideal, mas não fica muito longe daquilo que eu espero de um conjunto Creator. As dezanove cores presentes poderia ser um ponto fraco, mas a verdade é que várias delas estão apenas representadas por uma ou duas peças e há um grupo (branco, LBG, medium nougat, tan e preto) que estão muito bem representadas.
Apenas construí os três cãezinhos do modelo principal, mas pelas imagens dos outros dois modelos (com dois cães cada), posso afirmar com algum grau de certeza que todos seguem um modelo semelhante. Pois, é nisso que este conjunto é fraco. Ao fim ao cabo estamos a construir sempre o mesmo modelo mas com algumas variações tanto na cor como em algumas peças. Se até é giro construir o primeiro, agradável construir o segundo, a partir do terceiro já cheira a “mais do mesmo”. Ficam na memória soluções simples para fazer quadrúpedes.
O desenho é, acima de tudo, querido. Acho que foi esse o intuito e penso que foi cumprido com o relativo sucesso que as peças LEGO permitem. Principalmente tendo em conta que o set é Creator e não se aventura em soluções demasiado arrojadas que depois influenciam negativamente a jogabilidade.
Este é um ponto que diferencia este conjunto dos restantes animais Creator deste ano. É brincável. Consigo olhar para ele e imaginar uma criança a brincar com o vários cãezinhos. Consigo ver vontade em fazer os restantes modelos. Consigo até imaginar que as crianças mais criativas tentem, com as peças do conjunto, fazer outros animais utilizando as técnicas utilizadas até à exaustão nestes modelos. Portanto, olho para este conjunto como um representante fiel ao que acho que deve ser a linha Creator.
As Peças 8/10 (boa variedade)
A Construção 7/10 (solução interessante utilizada de forma repetida)
O Desenho 8/10 (adoráveis!)
Jogabilidade 9/10 (brincável e com potencial de modificação)
Adoraria dizer que não gosto deste conjunto pela sua adorabilidade de animais que não aprecio. No entanto, o set cumpre os requisitos daquilo que acho que deve ser a linha Creator. Sets que apelam à jogabilidade tanto com os modelos propostos como nas possibilidades de modificação ou, até mesmo, criação com as peças que são disponibilizadas.
Conclusão 8/10
Tema: Creator
Ano de Edição: 2023
Número de Peças/Minifigs: 253/-
Preço LEGO®: 25€
Link Brickset: https://brickset.com/sets/31136-1/Exotic-Parrot
Claro que só posso começar com uma perguntinha. Mas então este conjunto tem menos peças que o coelhinho, está numa caixa de dimensões semelhantes e custa mais cinco paus?
Quem me conhece sabe que raramente utilizo a expressão “paus” (para mim ainda são escudos), por isso facilmente pode perceber o meu ar de incrédulo perante esta situação.
Ok, o PPP fica nos 10 cêntimos e isso não é propriamente uma escandaleira, mas além de não ter nenhuma peça exclusiva (o coelho tinha), o volume das mesmas é… sim, adivinharam, semelhante. Mais, nos Estados Unidos estes dois sets tem o mesmo preço! Portanto, como devem perceber, não consigo entender porque é que este set na Europa custa mais 25% que o coelho. Com este detalhe bem pertinente, não posso dizer que a análise começa favoravelmente.
Quanto às peças, já vimos que o PPP é de 10 cêntimos. Há que referir a existência de várias peças Technic, todas de pequena dimensão, coisa que não me parece que seja interessante em conjuntos do tema Creator. Outro detalhe é que há imensas cores (26 delas, sendo que algumas apenas representadas por apenas uma peça) e tipos de peças, o que não é propriamente interessante para construções originais utilizando apenas as peças deste set. Mesmo assim há coisinhas interessantes como as plates e tiles em azures, as folhas pequenas em lima e… depois são tão poucas unidades de cada peças que nem vale a pena dar-lhes grande atenção.
Apenas construí o papagaio e posso dizer que não foi propriamente maçador, mas também não é para ficar com grandes memórias. No início trata-se da base e das flores, que são iguais, apenas variando na cor. Ainda nesta fase dá-se aquilo que para mim marca o set. As patas fazem parte da estrutura do tronco e não estão propriamente preparadas para separarem-se facilmente e assim podermos destacar o papagaio e deixá-lo voar livremente. A menos que ele fique com o aspecto de algumas pombas que vou vendo por aí que tem as patas cortadas.
Coisa que sempre me intrigou, como é que há algumas pombas que ficam mutiladas assim?
Portanto esta é uma construção que tem como único propósito ser montada e ficar em exposição. A menos que queiram brincar com o papagaio sempre com a base atrás. Logo temos um conjunto indicado para 7+ que não foi desenhado para ser brincável, apesar da LEGO andar aí com os comunicados e campanhas a dizer que as crianças brincam pouco…
No entanto, a experiência de construção não deixa de ser agradável e recorre a bastante SNOT e jogo de cores.
O desenho é giro, imediatamente reconhecível e bastante “estantável” (tentativa de fazer algo para as estantes como existe para o Instagram). No entanto, para isso tiveram que comprometer a jogabilidade, já que, como referi acima, não acho que dê para brincar com o papagaio. Depois de desmontado duvido que dê para fazer muita coisa apenas com as peças do set.
Curiosamente este é um conjunto que funciona lindamente para uma actividade que tenho no meu local de trabalho, a Caixa de Brinquedos em Paredes de Coura, onde os visitantes podem construir conjuntos LEGO apenas pela experiência de construção.
As Peças 6/10 (demasiada variedade de peças e cores)
A Construção 7/10 (regular)
O Desenho 8/10 (imediatamente reconhecível)
Jogabilidade 1/10 (apenas para expor…)
Este é um conjunto que, infelizmente, é um reflexo da direção que a LEGO está a tomar para a linha Creator. Sets que apostam mais na experiência de construção e resultado final do que propriamente um lote de peças com um enorme potencial de construção ou um resultado final que mais do que bonito, é brincável.
Conclusão 5/10